quinta-feira, 30 de abril de 2009

94% preferem suspensão de desmate a maior produção, diz Datafolha


Enquanto o Congresso e o governo negociam mudanças nos atuais limites do desmatamento no país, uma pesquisa Datafolha mostrou que 94% dos entrevistados preferem a suspensão do abate de árvores, mesmo que isso signifique frear o crescimento da produção agropecuária, informa reportagem de Marta Salomon, publicada pela Folha nesta quarta-feira (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).

Segundo a reportagem, a opção de autorizar mais desmatamento para aumentar a produção foi escolhida por apenas 3% dos entrevistados.

A pesquisa foi encomendada pela ONG Amigos da Terra Amazônia Brasileira. O Datafolha ouviu 2.055 maiores de 18 anos e com telefone fixo em todo o país. Não há precedentes no modelo da pesquisa que permitam comparar as opiniões, colhidas na primeira quinzena de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Fonte: Folha Online

EUA e UE deixam fórum otimistas para acordo sobre mudança climática


Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) se mostraram mais otimistas em relação ao alcance de um acordo global sobre a mudança climática em Copenhague (Dinamarca), apesar de terem dito que as negociações não serão fáceis.

O enviado especial dos EUA para a mudança climática, Todd Stern, afirmou nesta quarta-feira (29) que, após dois dias de reuniões entre representantes da ONU, da União Europeia (UE), da Dinamarca e das 16 maiores economias do planeta, está "um pouco mais otimista" quanto a um pacto que substitua o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.

Secretária norte-americana Hillary Clinton fala na abertura do fórum na terça; países estão mais otimistas quanto a acordo sobre clima
No entanto, destacou que não quer "subestimar as dificuldades para o alcance de um acordo em Copenhague" em dezembro deste ano.

"Foi uma boa reunião, mas isso não muda o fato de que não será fácil chegar a um acordo", disse Stern ao término de uma sessão do fórum, preparatório para o encontro de presidentes que acontecerá em julho, na Itália, no âmbito da reunião semestral do G8 (os sete países mais desenvolvidos e a Rússia).

O assessor adjunto do Conselho de Segurança dos Estados Unidos para Assuntos Econômicos Internacionais, Michael Forman, classificou o diálogo entre as delegações como "muito construtivo".

O fórum, que reuniu os países responsáveis por 80% das emissões mais a Dinamarca --na condição de país-sede da conferência de Copenhague--, quer ajudar na construção de um consenso com vistas às negociações de dezembro.

"Este fórum pode ser um forte apoio para o marco da ONU e um instrumento para a cooperação entre as 16 maiores economias" e a Dinamarca, afirmou Forman.

A reunião da terça foi aberta pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que tentou mostrar à comunidade que a política de seu país para a mudança climática mudou, ao assegurar que o novo Governo está decidido a recuperar o tempo perdido, a se envolver totalmente na luta contra o aquecimento global e a exercer uma liderança ativa.

Outros representantes do Governo americano que participaram das sessões foram o secretário de Energia, Steven Chu, e o assessor da Casa Branca para a Ciência, John Holdren. Já o presidente Barack Obama reservou parte da sua tarde para se reunir com os líderes das delegações convidadas.

O enviado da Comissão Europeia (CE), João Vale de Almeida, disse em entrevista coletiva que a UE "avalia" a mudança na política anunciada pelo Governo de Obama. Na opinião dele, os EUA mostraram um "firme compromisso" com a luta contra a mudança climática.

A UE considera a contribuição dos EUA "crucial" para que o combate às alterações do clima tenha sucesso. Mas as diferenças entre ambas as partes em assuntos-chave, como a redução nas emissões de gases tóxicos, ainda são evidentes.

Até 2020, Obama quer a liberação de gases estufa na atmosfera seja reduzida em 20%. A UE quer uma diminuição de 20% até o mesmo ano, mas está disposta a promover um corte de 30% "se outros países desenvolvidos demonstrarem o mesmo compromisso", disse Vale de Almeida.

A próxima reunião preparatória para a reunião de dezembro será em maio, na França, e a última, em junho. Mas o mais provável é que o fórum continue se reunindo mesmo depois do encontro presidencial de julho.

Fonte: Folhaonline

CCJ da Câmara aprova mudanças em projeto para licenças ambientais


A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou nesta quarta-feira mudanças no projeto de lei que define a divisão de competências entre União, Estados e municípios no processo de licenciamento ambiental. O projeto agora está pronto para ser votado em plenário.

O Projeto de Lei Complementar 12/03, do deputado Sarney Filho (PV-MA), propõe descentralizar a concessão da licença e garante ao Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) estabelecer em quais tipos de empreendimentos o licenciamento terá de ser federal. Para isso, o conselho deverá considerar o porte, o potencial poluidor e a natureza do empreendimento na regulamentação.

O relator na CCJ, deputado Geraldo Pudim (PMDB-RJ), apresentou mudanças à proposta original, como a retirada do texto da permissão para a União atuar "supletivamente" em relação aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios em caso de "inércia ou omissão" na atuação ambiental por parte deles.

"Isso é muito importante para o Brasil, na medida em que você define por tipologia através dos órgãos de licenciamento ambiental os novos empreendimentos. Isso dá uma maior agilidade, que vai poder facilitar [o licenciamento] e proporcionar aos entes federados acompanhar o projeto", afirmou Pudim.

O deputado também inseriu algumas "disposições transitórias" para vigorarem antes de o projeto ser integralmente regulamentado. Entre elas, está a definição de que os critérios para a atribuição dos entes federativos para o licenciamento, manejo e supressão de vegetação nas chamadas APAs (Areas de Proteção Ambiental) serão estabelecidos pelo Conama em prazo máximo de seis meses.

Fonte: Agência Câmara

Estudo diz que humanidade terá que reduzir consumo de reservas fósseis a 25%


A civilização só poderá consumir 25% das suas conhecidas reservas de energias fósseis (petróleo, gás e carvão) até 2050, caso queira limitar o aquecimento global a 2ºC no máximo, de acordo com um estudo publicado na quarta-feira (29).

Uma equipe de pesquisadores do Reino Unido, da Suíça e da Alemanha tentou avaliar, pela primeira vez, o volume de emissões de gases de efeito estufa que pode ser lançado na atmosfera até a metade do século, para manter um "aquecimento aceitável". Os trabalhos foram publicados pela revista britânica "Nature".

Usina de carvão mineral de Holcomb, no Kansas, EUA; estudo diz que humanidade deve reduzir consumo de reservas fósseis a 25%
A comunidade internacional chegou a um consenso sobre um máximo de 2ºC suplementares em relação aos níveis pré-industriais, mas para os pequenos países insulares, ameaçados pela subida dos oceanos, seria necessário limitar a elevação a 1,5ºC.

"Se vocês realmente quiserem limitar o risco de exceder os 2ºC de aquecimento global, o volume total de COº2º expelido na atmosfera durante a primeira metade do século deve ficar abaixo dos 1.000 milhões de toneladas", explicou Malter Meinshausen, do Instituto de Pesquisa sobre o Impacto Climático Postdam.

Se não houver um acordo climático forte, os 2ºC suplementares terão sido atingidos na primeira metade do século, dizem os autores do estudo.

Se as emissões ultrapassarem 1,5 bilhão de toneladas de equivalente COº2º até 2050, a probabilidade de limitar o aquecimento a 2ºC será de apenas 25%, "independentemente das medidas tomadas depois" para limitar as emissões, insistiu Meinshausen.

Segundo o estudo, as emissões mundiais têm de começar a diminuir já em 2020, e serem reduzidas em 70% até 2050. A meta do G8 é reduzir pela metade as emissões mundiais até 2050.

Poluição aumenta risco de desenvolver doença autoimune


Já se sabe que a poluição atmosférica pode causar problemas respiratórios e cardiovasculares. Agora, novos estudos têm apontado que partículas poluentes também aumentam riscos de doenças autoimunes --distúrbios que aparecem quando as células de defesa agem contra o organismo.

Um estudo recente da Escola de Saúde Pública de Harvard observou que a exposição a poluentes de rodovias eleva a incidência de artrite reumatoide.

Os pesquisadores usaram dados do Nurses Health Study, um estudo com 200 mil enfermeiras, que teve início em 1976 e levanta dados sobre a saúde e a incidência de doenças nas participantes.

Para esse trabalho, foram consideradas informações de 90.297 mulheres. Após avaliar as informações, constatou-se que viver a menos de 50 metros de vias de tráfego intenso aumentou de 31% a 63% as chances de as mulheres desenvolverem artrite reumatoide.

Foram excluídas variáveis como tabagismo, uso de hormônios, índice de massa corporal e sedentarismo.
A artrite reumatoide desencadeia inflamações nas articulações, principalmente nos pés e nas mãos. Isso pode causar deformações e perda de movimentos na região atingida.

Pesquisadores acreditam que os poluentes ajam como agressores, e o organismo não os reconhece como uma substância própria. Dessa forma, o corpo reage, produzindo anticorpos para combatê-los. Quando o faz de maneira descontrolada, acaba combatendo células do próprio corpo.

"Há editoriais de revistas científicas de muito prestígio com evidências de que a poluição pode influenciar no sistema imune. Isso ocorre especialmente no caso de solventes e de exaustão de diesel", diz o patologista Paulo Saldiva, coordenador do Instituto Nacional de Análise Integrada de Risco Ambiental da USP (Universidade de São Paulo).

Além da artrite reumatoide, é possível associar a inalação de poluentes a outras doenças autoimunes, como tireoidite crônica autoimune, lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjogren, vitiligo e esclerose múltipla, acrescenta a endocrinologista Maria Ângela Zaccarelli Marino, professora da Faculdade de Medicina do ABC.

Poluição industrial

Marino realiza pesquisas no Polo Petroquímico do Capoava, que fica entre as cidades de Santo André e Mauá e o parque São Rafael (zona leste de São Paulo). A área reúne fabricantes de produtos químicos derivados do petróleo, que são a matéria-prima de resinas, borrachas, tintas e plásticos. "Estudamos poluição de indústria. As doenças autoimunes são muito frequentes perto das indústrias: quanto mais perto a pessoa mora, maiores são os riscos de problemas", afirma.

Os trabalhos foram realizados com 2.004 moradores da região. Foi verificado que quem mora na área poluída tem cinco vezes mais chances de sofrer de tireoidite crônica autoimune.

A doença surge quanto os anticorpos agem contra a tireoide, o que pode levar a uma inflamação da glândula e à queda na produção de hormônios (hipotireoidismo).

Ainda não é possível definir, no entanto, quais partículas poluentes são responsáveis por desencadear tais problemas.

"Vamos começar a estudar agora os agentes que provocam essas doenças, para haver conscientização. Podemos escolher a água, o alimento, mas não o ar que respiramos. O ar precisa ser filtrado para evitar novos casos", afirma Marino.

Fonte: Folha de S.Paulo

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Ministério vai unificar exigência de educação ambiental no licenciamento


O Ministério do Meio Ambiente e o Ibama estudam a possibilidade de unificar os critérios de investimentos em ações de educação ambiental como pré-requisito para o licenciamento ambiental dentro do que prevê a Lei 9.795. As medidas mitigatórias e compensatórias são exigidas principalmente de grandes empreendimentos com fortes impactos ambientais como os das áreas de petróleo e hidrelétricas, já que em obras de pequeno e médio porte as medidas são entendidas de forma dispersa. Espera-se que a proposta melhore o entendimento sobre o tema e abra a possibilidade de trabalhar o licenciamento ambiental como forma de assegurar o financiamento de projetos de educação ambiental, área carente de fontes de recursos específicas. Nesta quarta-feira (29) é a primeira reunião do grupo de trabalho que deve propor mecanismos legais, priorizando a aplicação em programas de educação ambiental junto às populações atingidas pelo empreendimento, conforme define a legislação em vigor.

O artigo 18 da lei que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental, que estabelecia que 20% das multas por crimes ambientais fossem destinados para a educação ambiental, foi vetado, deixando o setor sem dotação orçamentária específica própria. Nenhum outro dispositivo foi colocado no lugar. Para o Ibama, a falta de uma definição clara sobre o que vem a ser projeto de educação ambiental deixa brechas para que os empreendedores defendam vários pontos de vista que nem sempre atendem aos objetivos da legislação.

Durante o seminário "10 anos da Política Nacional de Educação Ambiental: avanços e necessidades em busca de uma sociedade sustentável", nesta terça-feira (28), a gerente de projeto do Departamento de Educação Ambiental do MMA, Mônica Armond, explicou que a idéia é adotar modelos como o do Rio de Janeiro, onde as empresas são obrigadas a ensinar à população sobre as questões ambientais, como benefícios para a conservação. Esse tipo de trabalho tem influência direta na participação da sociedade nas tomadas de decisão.

Para Mônica, a grande dificuldade é o controle e a fiscalização adequada sobre como será realizada a educação ambiental nesses casos. Para ela, é necessário fazer um diagnóstico da região onde será implementado o empreendimento e formular projetos que sejam coerentes com a realidade da população local. A avaliação é feita pela área técnica do Ibama, pois nem toda a população atingida tem prejuízos com as obras. A implementação enfrenta alguns desafios, como conseguir equipes com experiência comprovada na promoção de ações de educação ambiental e incentivar a participação dos municípios dos projetos.

O Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente exercerá a função de secretaria-executiva do grupo de trabalho, que terá prazo de 90 dias para concluir os trabalhos. A proposta do GT prevê que o empreendimento trabalhe a educação ambiental durante o período em que valer a licença ambiental. Isso possibilita o desenvolvimento, junto com a sociedade, de uma agenda de prioridades para a região, com projetos educativos de médio e longo prazos.

O GT é composto por representantes do Departamento de Educação Ambiental do MMA, das coordenações-gerais de Infra-Estrutura de Energia Elétrica, de Transporte, Mineração e Obras e Petróleo e Gás do Ibama e da DIUSP do Instituto Chico Mendes.

Durante o seminário que celebrou os 10 anos da PNEA, avaliando as ações realizadas e áreas em que devem avançar a educação ambiental, a diretora do Departamento de Educação Ambiental anunciou que em julho acontece o VI Fórum Nacional de Educação Ambiental, de 20 a 25 de julho, no Rio de Janeiro.

Fonte: MMA

Petrobras desenvolve diesel menos poluente


A Petrobras começou a produzir um novo óleo diesel com baixo conteúdo de enxofre, característica que o torna menos poluente, além de projetar a autossuficiência neste tipo de combustível para 2012. As informações foram dadas na segunda-feira (27) pelo diretor de abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa.

A Petrobras completou a produção dos primeiros 10 mil metros cúbicos do diesel S-50 na semana passada, que tem 50 partes por milhão de enxofre, um décimo do que continha a versão mais avançada que havia até agora no mercado, o S-500.

Petrobras completou produção das primeiras unidades de diesel S-50, menos poluente
Este tipo de combustível pode reduzir as emissões poluentes à atmosfera em até 80% com novas gerações de motores que se adotarão no Brasil nos próximos três anos, informou Costa.

Levando em conta os motores do atual parque automobilístico do Brasil, porém, as emissões podem se reduzir no máximo 15%, disse o diretor em entrevista coletiva realizada na refinaria Duque de Caxias (Reduc), onde começou a se produzir o novo diesel.

"Não há milagre possível. De nada serve pôr o diesel S-50 em motores defasados", afirmou Costa.

A eficiência do S-50 foi constatada nos laboratórios da empresa e em teste realizados nos ônibus municipais do Rio de Janeiro, desde janeiro.

Fonte: Folhaonline

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Propriedade Conservadora de Águas


Conservadora de Águas Extrema (MG) é um caso bem sucedido entre pequenos proprietários. Mas poderia inspirar latifundiários?

As pequenas ilhas e os estreitos corredores de vegetação em meio ao vazio das pastagens podem ser notados à medida que se percorre a estrada de terra que corta o bairro das Posses, uma das áreas onde se concentram propriedades rurais de Extrema, pequena cidade do Sul de Minas Gerais, localizada na divisa com o Estado de São Paulo. Ali se encontram agricultores que desde 2007 recebem da prefeitura uma quantia mensal em troca da conservação de nascentes e da liberação de áreas para a recuperação de cobertura vegetal em suas propriedades.

O chamado pagamento por serviços ambientais, ou PSA, está inserido num projeto municipal que ganhou o nome de Conservador das Águas. Até se tornar o primeiro município brasileiro a criar uma regulamentação para o PSA - a Lei 2.100, de 2005 -, Extrema percorreu alguns caminhos.

Entre eles, "pensar o município em termos de bacia hidrográfica", nas palavras de Paulo Henrique Pereira, gestor ambiental de Extrema e responsável pelos primeiros diagnósticos de meio ambiente que culminaram na implantação do PSA na cidade.

No total foram identificadas sete sub-bacias, de acordo com um diagnóstico realizado entre 2001 e 2002 no município encravado na parte ocidental do maciço da Serra da Mantiqueira, às margens do Rio Jaguari. As sub-bacias abastecem não só os 24,8 mil habitantes de Extrema, mas também alimentam o Sistema Cantareira, responsável pelo fornecimento de água a 9 milhões de pessoas na cidade de São Paulo.

O passo seguinte foi analisar o estado de degradação e de conservação de cada unidade hidrográfica, já com a ideia de implantar um conjunto de ações partindo do pior cenário, ou seja, da área com a menor cobertura vegetal e com a qualidade da água mais baixa. O resultado desse mapeamento mostrou que a Sub- Bacia das Posses, com 1,2 mil hectares, apresentava as piores condições. E foi ali que o trabalho começou.

Adaptação local

"Grande parte das propriedades rurais do município concentra até 50% de Área de Preservação Permanente (APP), estando muitas delas já degradadas pela transformação em pastos", explica Paulo Henrique. "Nossa ideia não era somente aplicar o Código Florestal sobre essas áreas, até porque muitos destes agricultores já trabalham com dificuldade. O objetivo do programa é bem claro: recuperar parte dessa área degradada e dar condições para que o agricultor não a use mais, sem abandonar suas atividades."

Com o auxílio técnico da Agência Nacional de Águas (ANA), veio o caminho para implantar, em Extrema, os Comitês das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que garantiu a entrada de financiamento externo. Os recursos - da ANA, do Instituto Estadual de Florestas do governo de Minas Gerais e da ONG The Nature Conservancy - são usados no trabalho de conservação do solo, em obras de melhoria da estrada rural, na compra de insumos agrícolas e no pagamento do pessoal contratado para tarefas que vão desde a instalação da infraestrutura até o plantio de mudas, parte delas doada pela Fundação SOS Mata Atlântica. "O município não teria como financiar [sozinho] essa demanda", destaca Paulo Henrique.

Mourões e cercas

Em 2007, o Conservador das Águas partiu para a ação. Paulo Henrique lembra o susto que os agricultores tomaram ao ver mourões e cercas chegando à porta de suas propriedades. Era preciso proteger as áreas de nascentes e aquelas destinadas ao reflorestamento, para evitar o contato com o gado. Nesses encontros discutiu-se também o incentivo que cada um receberia a partir de um valor estipulado em R$ 169 por hectare/ ano pela área total da propriedade. O gestor ambiental reconhece que houve resistência entre os primeiros proprietários que tiveram suas terras cercadas.

Segundo ele, a situação só foi contornada quando os agricultores perceberam que seu trabalho também era valorizado, em lugar de ser apenas criticado pelos impactos ambientais. Quem resume bem o contexto é José de Oliveira Bastos, conhecido como Zé Moisés. Ele recebe mensalmente há um ano o PSA no valor de R$ 643. Produtor de leite e com nove nascentes em suas terras, seu Zé Moisés assinou o termo de compromisso após verificar que o pagamento seria suficiente para locar um espaço externo para aqueles animais que deixariam a propriedade após a delimitação das nascentes e da área de mata ciliar.

Mas seu Zé Moisés alerta que a alternativa beneficia apenas os criadores de gado. "Ainda faltam ajustes para que o agricultor que trabalha com lavoura possa investir o que recebe com PSA em uma compensação adequada pela perda da área." O valor do PSA está vinculado à área total da propriedade, o que reduz o incentivo aos proprietários menores.

Não obstante a boa adesão dos produtores rurais do bairro das Posses ao PSA - segundo dados do município, 90% da sub-bacia -, esse tipo de mecanismo financeiro não está livre de críticas. Os argumentos vão desde o mais óbvio, como "preservar é um dever e não um serviço", até os que questionam se os recursos financeiros serão suficientes para mitigar a degradação e se os prestadores do serviço cumprirão com suas obrigações. Em Extrema, a própria equipe da gestão ambiental local da ANA se encarrega de fiscalizar as áreas de replantio de vegetação.

Na outra ponta, há quem defenda o PSA como uma conta que deve ser paga por toda a sociedade. "O PSA sinaliza ao produtor rural que a sociedade urbana também participará do programa. E isso é bom até para quebrar a dicotomia entre bancada ambiental e bancada ruralista", afirma Fernando Veiga, coordenador de serviços ambientais da The Nature Conservancy. Para ele, o caso de Extrema poderia se estender a outras regiões, inclusive envolvendo latifundiários, desde que seja elaborado de acordo com a realidade de cada bacia hidrográfica e que se identifique o melhor incentivo ao produtor rural.

Fonte Página 22 GV - Por Luciano Delfini

Pequenas, porém invocadas


Energia renovável e de baixa interferência no ambiente compõem a boa fama das pequenas centrais hidrelétricas. Entretanto, a combinação de usinas em série e a flexibilidade do licenciamento ambiental podem ser fatais

Via de regra, as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) estão entre as opções preferidas dos ambientalistas quando se trata de geração de energia elétrica. Costumam ser associadas a outras opções de viabilidade mais recente, como eólica, solar e biomassa. O relatório Revolução Energética, produzido pelo Greenpeace, por exemplo, defende que metade da energia consumida no mundo poderia ser gerada pela combinação dessas modalidades.

De fato, as PCHs apresentam uma série de vantagens comparativas. As turbinas são do tipo fio d'água, que utilizam a vazão natural do rio para gerar energia, sem a necessidade de grandes reservatórios. Isso diminui a interferência no regime natural das águas, a área que precisa ser desmatada e a quantidade de terras a ser desapropriadas.

Além disso, as PCHs garantem redução da perda de energia na distribuição, graças à potência reduzida, que vai de 1 MW a 30 MW. Nesses casos, não compensa desperdiçar elétrons em enormes linhas de transmissão, no caminho entre a fonte geradora e o consumidor.

No Brasil, há ainda uma interessante convergência de fatores naturais e econômicos. O maior potencial para grandes hidrelétricas está nos caudalosos rios da Amazônia, o que demanda, por exemplo, uma linha de transmissão de 2. 500 quilômetros para ligar o complexo do Rio Madeira até Araraquara, no interior de São Paulo. Já os rios mais apropriados para PCHs estão nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, justamente o grande centro consumidor de energia.

É possível falar em mínimo impacto ambiental quando se trata de uma única PCH. Mas e se forem duas, ou três, ou quinze, no mesmo rio? "Geralmente, rio de PCH tem pelo menos mais duas ou três usininhas em série. É o que se chama de sistema em cascata", afirma Geraldo Lúcio Tiago Filho, secretário-executivo do Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas (CERPCH). Por ironia, é o tamanho reduzido do empreendimento que estimula a multiplicação em série.

Junte-se a isso uma lista de vantagens para o investidor. As PCHs têm pelo menos 50% de desconto na tarifa de uso do Sistema Interligado Nacional (SIN), são dispensadas de pagamento de royalties pela exploração dos recursos hídricos e podem fornecer energia tanto para o SIN quanto para sistemas isolados ou ainda para os chamados "consumidores livres", como grandes indústrias de alumínio, por exemplo. Isso sem falar no Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), que age como uma espécie de avalista no BNDES para garantir o financiamento de 70% do investimento.

Se há um lugar assoberbado de PCHs no País, este lugar se chama Minas Gerais, o estado com maior número de pequenas usinas - cerca de 500. Para o padre Antônio Claret Fernandes, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) de Minas, a sobreposição de usinas se tornou insustentável. "Hoje a gente quase não tem mais condição de dar assistência a todos os atingidos, porque são muitas as barragens que estão pipocando", diz. "Falam que o reservatório é pequeno, mas 300 hectares é uma área grande, principalmente numa região como a nossa, que tem muita agricultura familiar, de propriedades pequenas."

Em termos ambientais, o principal impacto do sistema de usinas em cascata é sobre a fauna de peixes. A grande quantidade de obstáculos no rio pode impossibilitar a migração, necessária para a reprodução de algumas espécies. O caso mais retumbante dos últimos tempos é do Complexo Hidrelétrico do Rio Juruena, em Mato Grosso, onde oito usinas estão em construção e vão somar-se a outras duas, já em operação.

"Onde termina o lago de uma começa a barragem da outra. Então, na prática, é um lago só, de 110 quilômetros", diz Francisco Machado, zoólogo professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e maior estudioso da ictiofauna do Rio Juruena. Ele diz que algumas usinas no País se valem com sucesso dos mecanismos de transposição de peixes, espécie de escadaria que imita os obstáculos naturais do rio para atrair a passagem dos animais. Mas, segundo o Machado, ainda não há evidências científicas suficientes sobre se as larvas de peixes conseguem percorrer o caminho inverso. "No caso do Juruena, em especial, não vai funcionar. Como é que o peixe vai vencer uma dezena de escadarias? Peixe não sabe ler placa", diz.

Machado é autor de um dos relatórios periciais encomendados pelo Ministério Público Federal de Mato Grosso, que moveu uma ação civil pública contra os empreendimentos. A área de influência indireta dos projetos inclui sete terras indígenas, ocupadas por algumas etnias cuja única fonte de proteína são os peixes. Em outubro passado, 150 índios Enawenê-nawê promoveram uma depredação no canteiro de obras da PCH Telegráfica, em protesto.

Na ocasião, a Consórcio Juruena Participações, responsável pelas obras, distribuiu nota de esclarecimento à imprensa em que afirma que "todos os estudos solicitados pelos órgãos públicos para avaliar, mitigar e compensar impactos ambientais e antropológicos decorrentes dos empreendimentos foram realizados". Integra o consórcio a empresa Maggi Energia, da família do governador do estado, Blairo Maggi.

A principal motivação para a interferência do Ministério Público tem a ver, justamente, com esses procedimentos. Seis das oito novas PCHs foram dispensadas de realizar estudo de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental (EIA/Rima). "A falta de EIA/Rima não só compromete a qualidade dos estudos como implica ausência de audiência pública, o que impede o direito da população de se manifestar", considera o procurador Mario Lucio Avelar, autor da ação civil pública.

A dispensa só foi possível porque uma lei estadual estabelece que usinas de até 30 MW só precisam de diagnósticos ambientais para serem licenciadas. Entretanto, uma resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) diz que usinas com mais de 10 MW de potência devem ter EIA/Rima.

Esse caso é emblemático da confusão que se generalizou no País sobre regras e competências de licenciamento ambiental. Uma interpretação possível diz que o tamanho do empreendimento deve ser o critério para definição do órgão ambiental licenciador, se federal, estadualou municipal. Outra diz que a área do empreendimento - se ocupa território interestadualou apenas local - deve ser o critério. Assim, o Complexo do Rio Juruena foi licenciado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), por tratar-se de empreendimento de menor porte, mas também poderia ter sido licenciado pelo Ibama, já que o Juruena é um rio federal.

Na prática, as grandes hidrelétricas podem causar mais estragos ambientais, mas acabam sendo analisadas pelo Ibama e submetidas ao licenciamento mais rigoroso. Já as PCHs costumam ser licenciadas pelos estados, que aplicam suas próprias regras. Muitas vezes, essas regras são mais brandas, o que provoca reação do Ministério Público.

A confusão penaliza também os investidores. "PCH é um bom investimento depois de entrar em operação, mas antes disso há toda uma gincana", reclama Ricardo Pigatto, presidente da Associação Nacional dos Pequenos e Médios Investidores em Energia Elétrica. "Nós reconhecemos a responsabilidade sobre efeitos sociais e ambientais dos projetos, mas o empreendedor quer regras claras. Hoje em dia, a cada nova etapa (do licenciamento) mudam-se as regras."

O artigo 23 da Constituição Federal estabelece que a gestão do patrimônio ambiental é de responsabilidade das três esferas de governo, mas não deixa claro como distribuir as competências. Em entrevista na edição 21 (julho de 2008) de Página 22, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, prometeu regulamentar o artigo 23 em menos de dois meses. A espera continua.

Fonte Página 22 GV - Por Carolina Derivi

Despoluição dos córregos


58 córregos despoluídos até 2010 na cidade de São Paulo.

As obras da segunda fase do Programa Córrego Limpo, lançada pela Prefeitura de São Paulo em parceria com o governo do Estado, começam nos próximos dias. Deverão ser despoluídos 58 córregos da cidade de São Paulo até o fim de 2010. Na primeira etapa, iniciada em março de 2007 e concluída há dias, 28 córregos foram totalmente despoluídos e outros 14 foram recuperados. Pelo menos 800 mil moradores das vizinhanças desses cursos se beneficiaram com a instalação de rede coletora de esgoto, limpeza e canalização dos leitos. Deixaram de sofrer com enchentes e com os criadouros de transmissores de várias doenças. Os governos estadual e municipal investirão R$ 400 milhões nas duas fases do programa que, ao todo, favorecerá 4 milhões de paulistanos.

Com o trabalho desenvolvido pelas Secretarias Municipais de Coordenação das Subprefeituras, Verde e Meio Ambiente e Habitação, em conjunto com a Secretaria de Estado de Saneamento e Energia e a Sabesp, mais de 500 litros de esgoto por segundo deixaram de ser lançados aos córregos. Consequentemente, os Rios Tietê e Pinheiros deixaram de receber parte das cargas de esgoto que poluem seus leitos.

No Córrego Cruzeiro do Sul Mirim, por exemplo, o índice de poluição foi reduzido de 98% com o fim da descarga de 800 mil litros de esgoto diários no curso d?água. A favela que ficava nas margens do córrego foi substituída por um parque, com áreas de lazer e paisagismo e calçadas com piso permeável. Todas as ligações clandestinas de esgoto das vizinhanças foram fechadas e o entulho acumulado no leito e nas margens foi recolhido.

A Prefeitura calcula que somente a limpeza desse córrego beneficiou cerca de 30 mil pessoas. As 230 famílias que habitavam os barracos da favela do local foram removidas para que os trabalhos pudessem ser realizados. Delas, 96 quiseram continuar na região e, para abrigá-las, a Prefeitura concedeu bolsa-aluguel durante as obras. Hoje moram em apartamentos construídos pela Secretaria da Habitação. As demais receberam a chamada verba de apoio habitacional de R$ 5 mil.

A administração municipal se encarrega da limpeza dos córregos, contenção e manutenção de margens, verificação de interferências em bocas de lobo e galerias, além de atender as famílias que precisam ser removidas. A fiscalização das ligações de esgoto também é de responsabilidade da Prefeitura. Por sua vez, o governo do Estado cuida do prolongamento das redes de esgoto, da ampliação das ligações domiciliares e da manutenção e monitoramento das redes.

Para manter limpos os córregos já despoluídos e recuperados, o poder público conta com a colaboração dos moradores. Prefeitura e Estado incentivam as comunidades a criar novos hábitos, para evitar o despejo de lixo nas ruas e encostas. Informações sobre a correta utilização do sistema de coleta de esgoto e de galerias de águas pluviais também são repassadas aos moradores.

Esse trabalho de educação é essencial para que os investimentos feitos no Programa Córrego Limpo, no Projeto Tietê e nas ações de despoluição do Rio Pinheiros não sejam perdidos.

No período de 2002 a 2006, um total de 10 milhões de metros cúbicos de sedimentos, rochas e todo tipo de material, de pneus a móveis, foram retirados do Tietê, durante os trabalhos para aprofundar em 2,5 metros a calha do rio e ampliar sua largura de 22 metros para 46 metros. Foi investido US$ 1,1 bilhão para, assim, livrar a cidade de São Paulo e grande parte da região metropolitana dos transtornos provocados pelas enchentes.

Tanto esforço, no entanto, sofre grave ameaça a cada chuva, quando as águas dos córregos da cidade levam para o Tietê milhares de garrafas PET, sacos plásticos, pneus e outros materiais poluentes.

Portanto, além de conscientizar a população sobre os danos causados aos rios e córregos com o despejo inadequado de resíduos sólidos, é preciso que o poder público amplie a coleta de lixo nas favelas e acelere a regularização dos loteamentos clandestinos para que esses serviços também sejam prestados nas concentrações de submoradias

“Energia nuclear deve ser nossa última opção”


Na “disputa” entre produção de energia e preservação ambiental no Brasil, poucos tiveram tanto destaque nos dois campos. Ex-presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e ex-diretor da Eletropaulo (de 1982 a 1986), José Goldemberg também foi secretário de meio ambiente da presidência da República (em 1992) e do Estado de São Paulo (entre 2002 e 2006). O físico, que estuda energia há cerca de 50 anos, foi considerado, em 2007, pela revista Time um dos 13 heróis do meio ambiente na categoria “líderes e visionários” e recebeu, em 2008, o prêmio Blue Planet, espécie de “Nobel” da área ambiental.

Em entrevista por e-mail ao Planeta Inteligente, o ex-reitor da USP diz que, tanto pelo lado da preservação da natureza quanto pelo da necessidade de produzir energia, a alternativa nuclear, “cara e cheia de riscos”, não é adequada para o país. “Ela é a opção quando as outras foram exauridas. Foram os casos da França e do Japão, mas não é o caso do Brasil”. Goldemberg pondera que, em função das chuvas abundantes do ano passado, não há perigo de apagão em 2009. Para ele, o governo deveria aproveitar a folga “para deslanchar algumas hidrelétricas e, mais do que isso, estimular a geração eólica”.

O Brasil corre novos riscos de apagões em 2009?
Não. Os reservatórios das usinas hidrelétricas estão cheios devido às abundantes chuvas de 2008. De modo que o risco de novos apagões, que era grande há um ou dois anos, foi adiado.

O que a crise de 2001 mostrou ao Brasil? O país e seus governantes aprenderam?
A crise de 2001 mostrou que planejamento energético é importante. Este planejamento foi seriamente afetado pela privatização das empresas na década de 90, em que a Eletrobras perdeu sua capacidade de realizar os inventários necessários. É claro que o que determinou a crise foi a falta de chuvas, mas esta falta de água poderia ter sido atenuada caso outras providências tivessem sido tomadas em tempo.

Que providências?
Ter acelerado os estudos de viabilidade de locais para a construção de hidrelétricas e ter reforçado as interconexões entre o Sul e o Sudeste – para transmitir a energia elétrica que estava sobrando no Sul para o Sudeste, onde estava faltando.

Quem observa o debate público entre ambientalistas e empresários pode ficar com a impressão de que enfrentamos um dilema: ou mantemos uma matriz energética limpa e corremos risco de ter apagão ou investimentos em fontes mais sujas (termelétricas, principalmente). Como desatar esse nó?
Como o risco de apagões foi adiado, não há dilema agora. O governo tem tempo para “deslanchar” algumas hidrelétricas e, mais do que isso, estimular geração eólica, sobretudo no Norte e no Sul do país.

Fala-se muito que o Brasil é um país abençoado por ventos e, por isso, propício à energia eólica. Por que, então, essa forma de energia ainda não é responsável por uma fatia maior do fornecimento no país?
Não é verdade que o Brasil seja muito bem dotado de energia eólica (exceto no extremo Norte e no extremo Sul do país). Além disso, ela não é ainda competitiva com outras formas convencionais de produzir energia elétrica. A energia eólica tem um papel a desempenhar, mas no nível de 5% a 10% da eletricidade que o país necessita.

O senhor fala em deslanchar novas hidrelétricas. O padrão usado no Brasil (grandes usinas distantes dos grandes centros, com grandes lagos) é ideal? Não seria melhor privilegiar pequenas centrais hidrelétricas?
Claro, mas seria preciso centenas delas para atender as necessidades de eletricidade no país. Pequenas usinas produzem 10 mil ou 20 mil quilowatts e o Brasil precisa aumentar a produção de eletricidade em 3 milhões de kW por ano, pelo menos ¬– o equivalente a 300 pequenas centrais hidrelétricas de 10 mil kW.

Com a discussão sobre mudanças climáticas, chega-se a apontar a energia nuclear como uma alternativa atraente, já que as usinas não emitiriam tanto CO2, comparadas às térmicas, por exemplo. O senhor concorda? Haveria riscos?
Energia nuclear é cara e oferece riscos que outras formas de energia não oferecem. Ela é a opção a usar quando as outras foram exauridas. Este foi o caso da França, foi o caso do Japão, mas não é o caso do Brasil, em que apenas um terço do potencial hidrelétrico existente foi utilizado. Hidrelétricas emitem menos CO2 do que usinas nucleares.

Existe, como o debate público algumas vezes faz parecer, um dilema entre crescimento econômico e preservação ambiental? Se sim, as formas alternativas de energia dariam conta de driblar este dilema?
O dilema é real e o crescimento econômico vai provocar impactos ambientais. Preservação absoluta não é possível. O que é possível é reduzir esses impactos.

É possível, principalmente nas empresas, crescer e, simultaneamente, gastar menos energia?
Claro, mas esta opção, na prática, não é nem considerada pelo governo, muito menos estimulada.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Empire State passa por reformas para reduzir emissões poluentes


Os proprietários do emblemático edifício Empire State de Nova York anunciaram na terça-feira (7) que decidiram realizar um programa de reformas que transforme o famoso arranha-céu em um projeto ambiental correto e que, desta forma, se some à luta contra a mudança climática.

O projeto, cuja primeira parte será concluída em 2010, tem um custo de US$ 500 milhões e reduzirá em 38% o consumo energético do prédio, que possui uma das melhores vistas da cidade.

Empire State Building, emblemático edifício nova-iorquino, passará por ajustes e reformas para ficar dentro de padrões ambientais
O anúncio foi feito ontem pelo prefeito da cidade, Michael Bloomberg, e o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, que, através da iniciativa que leva seu nome, destacou que, mais uma vez, o Empire State lidera um projeto que procura reduzir as emissões poluentes e poupar energia.

Clinton considerou o projeto como uma "magnífica oportunidade" de contribuir à luta contra a mudança climática neste momento difícil para a economia, já que, com essa remodelação, "economiza-se dinheiro e energia."

O ex-presidente lembrou que este e outros projetos fazem parte da iniciativa que leva seu nome e que se desenvolve em 40 das maiores cidades do mundo em favor do meio ambiente.

"Com estes projetos inovadores, além de proteger o planeta, reativa-se a economia", afirmou Clinton.

"As emissões poluentes dos edifícios comerciais e residenciais das cidades são muito grandes, e, no caso de Nova York, chegam até 70%", afirmou o representante da empresa proprietária do Empire, Anthony Malkin.

Ele acrescentou que, embora agora a maioria dos novos edifícios seja construída respeitando "o ambiente, a chave para obter progressos substanciais está em reduzir os custos energéticos e de emissões poluentes dos que já estão construídos."

Fonte: FolhaOnline

Aumento do nível do mar afeta América Latina mais do que se pensava


Especialistas em mudanças climáticas nas Américas do Norte e do Sul estão cada vez mais preocupados com as implicações potencialmente devastadoras da elevação do nível do mar.

Até agora as Américas eram vistas como menos vulneráveis do que outras partes do mundo como as ilhas do Pacífico, Vietnã e Bangladesh. Mas as estimativas apresentadas em uma reunião científica em Copanhague, em março, alarmaram observadores da região.

Partes do Caribe, do México e do Equador são consideradas de maior risco. A cidade de Nova York e áreas no sul da Flórida também são tidas como especialmente vulneráveis.

Vincenzo Scarpellini/Divulgação

Águas transparentes do mar da ilha de Saint Martin, no Caribe, que é uma das regiões mais vulneráveis à elevação do nível do mar
Em 2007, um relatório do IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas) sugeriu que o nível do mar vai subir entre 19 cm e 59 cm até o final deste século.

Mas vários cientistas em Copenhague falaram em uma elevação de um metro ou mais, mesmo se as emissões de gases do efeito estufa se mantiverem baixas.

O derretimento das calotas polares é um dos principais fatores para as novas estimativas.
'Uma elevação de um metro vai modificar irreversivelmente a geografia de áreas costeiras da América Latina', disse à BBC Walter Vergara, o principal perito do Banco Mundial para mudanças climáticas na região.

'Por exemplo, uma elevação de um metro inundaria uma área costeira da Guiana onde estão 70% da população e 40% das terras aráveis. Isto implicaria em uma grande reorganização da economia do país.'

Vergara e outros especialistas também estão preocupados com o efeito sobre uma área pantanosa junto à costa do Golfo do México.

"Dados alarmantes"

'Estes novos dados sobre o aumento do nível do mar são alarmantes', disse Arnoldo Matus Kramer, que pesquisa a adaptabilidade às mudanças climáticas na Universidade de Oxford.

'Quando combinados ao crescimento exponencial da urbanização e do turismo ao longo da costa do Golfo do México e Caribe mexicano, é extremamente preocupante.'

Um estudo divulgado em novembro de 2008 pela agência Habitat-ONU sobre cidades do mundo ressaltou que na maioria dos países-ilhas do Caribe 50% da população vive a uma distância de até 2 quilômetros da costa. Eles seriam afetados diretamente pelo aumento do nível do mar e outras consequências de alterações no clima.

As Bahamas, as Guianas, Belize e a Jamaica foram apontadas pelo Banco Mundial como especialmente sujeitas a risco caso ocorra um aumento de um metro do nível das águas.

Planícies costeiras em volta da cidade de Guayaquil, no Equador, o principal polo econômico do país, também são tidas como vulneráveis a uma combinação de aumento do nível do mar e tempestades.

Um estudo recente realizado pelo Espol, um instituto de ciências em Guayaquil, sugeriu que até uma elevação de 0,5 metro do nível do mar traria graves problemas para o sistema de drenagem da parte sul da cidade. Ele poderia entrar em colapso.

Pesca ameaçada

A lucrativa indústria pesqueira do Equador, que tem grande importância para a economia do país, também ficaria ameaçada.

'A elevação de um metro no nível do mar intensificaria a ameaça à pesca de camarões e outros setores da indústria', disse Pilar Cornejo, do Espol, que fez um relatório sobre o assunto para as Nações Unidas.

De acordo com um recente estudo do Banco Mundial que incluiu mais de 80 países em desenvolvimento, o Equador está entre os dez países que terão seu PIB (Produto Interno Bruto) mais afetado com o aumento do nível do mar.

Argentina, México e Jamaica também aparecem entre os dez primeiros da lista que avalia o impacto sobre sobre terras aráveis da elevação de um metro no nível do mar.

Os cientistas destacam que ainda há incerteza sobre a futura da elevação do nível do mar. Entre elas estão incógnitas sobre o comportamento das gigantescas calotas polares e o tempo que levará para o nível do mar subir.

Também há dúvidas sobre o efeito do aquecimento global sobre a gigantesca corrente do Oceano Atlântico em que as águas mais aquecidas do mar fluem para o norte e as mais frias, a uma profundidade maior, fluem para o sul.

Uma nova pesquisa liderada por Jianjun Yin, da Universidade Estadual da Flórida, sugere que embora as cidades costeiras da América do Sul não estejam sob ameaça neste século com um aumento maior do nível do mar causado pela corrente, a cidade de Nova York e o Estado da Flórida estão.

Nova York veria um aumento adicional no nível do mar de cerca de 20 cm acima da média global devido a esta corrente até a virada do século, de acordo com a pesquisa que Yin publicou este ano na revista Nature Geoscience.

Na Flórida o aumento seria de menos de 10 cm.

'Um aumento de um metro pode ser um desastre para partes da Flórida, especialmente no sul do Estado', disse Yin à BBC.

'A elevação do nível do mar associada à vulnerabilidade a furacões tornam a situação muito preocupante.'

'É urgentemente necessário que os líderes latino-americanos levem em conta estes novos dados sobre elevação do nível do mar quando formulam novas políticas', disse Arnoldo Matus Kramer. 'Eles não estão fazendo isto no momento.'

James Painter
da BBC Brasil

Sabesp promove 1º Seminário Estadual sobre Enquadramento dos Corpos d'água.


A Superintendência de Gestão Ambiental, numa iniciativa voltada para
promover o debate, a troca de experiências e a disseminação de
conhecimentos acerca das questões ambientais em desenvolvimento na Sabesp,
está promovendo o "Ciclo de Conferências de Gestão Ambiental".

Dando prosseguimento a esta iniciativa, no dia 16/04/09 realizará na
cidade de Botucatu, o " 1º Seminário Estadual sobre Enquadramento dos
Corpos d'água ", com o objetivo de debater e disseminar o conhecimento
sobre o assunto.
O processo de enquadramento poderá acarretar um impacto significativo na
gestão dos recursos hídricos, tendo em vista as metas progressivas de
compatibilização da qualidade da água com seus usos atuais e futuros.


Contará com especialistas renomados tratando de assuntos importantes como o
contexto do enquadramento na Política de Recursos Hídricos, o panorama em
nível nacional, o manejo de microbacias, a utilização de ferramentas de
apoio, sendo também apresentado um estudo de caso e uma explanação a
respeito dos próximos passos institucionais no Sistema de Recursos
Hídricos.



O evento acontecerá no dia 16/04/09 das 8h30 às 18h, no Auditório Prof.
Paulo Rodolfo Leopoldo - Faculdade de Ciências Agronômicas - UNESP -
Botucatu, Fazenda Lageado - Rua José Barbosa de Barros, 1780.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Nova tecnologia passará por teste em ônibus de SP


Ainda neste mês começará a circular em São Paulo o primeiro ônibus brasileiro com célula a combustível de hidrogênio. Ele já rodou cerca de mil quilômetros em testes em Caxias do Sul (RS), onde foi montado.

Com nove tanques de combustível --com capacidade para 5 kg de hidrogênio cada-- e duas células a combustível, o veículo tem autonomia para circular 300 km sem reabastecer. Suas células foram originalmente projetadas para carros de passeio --optou-se por não usar as específicas para ônibus, pois há poucas empresas que as fabricam no mundo.

Carlos Zundt, gerente de planejamento da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), afirma que o hidrogênio é obtido por meio da eletrólise, que possui um "ciclo fechado e limpo". Não é a forma mais barata de obter o hidrogênio, mas ela não deixa nenhum subproduto para ser tratado -diferentemente do que acontece se for usado gás natural para extrair o hidrogênio.

O preço final do ônibus é sigiloso, porém Zundt ressalta que "é bastante competitivo". E o desempenho do protótipo é igual ao de um trólebus e superior à tecnologia diesel -são mais rápidos e apresentam maior torque do que a tecnologia convencional.

Agora, diz ele, o país juntou-se a outros três capazes de fazer ônibus a hidrogênio: Estados Unidos, China e Alemanha.

O veículo circulará durante quatro anos no Corredor Metropolitano ABD (São Mateus-Jabaquara), que tem 33 km de extensão. A estação de abastecimento ficará na garagem da concessionária Metra, em São Bernardo do Campo.

A previsão é que sejam construídos mais quatro ônibus dentro do projeto, que é do Ministério de Minas e Energia e coordenado pela EMTU. Os recursos para sua realização somam US$ 16 milhões a fundo perdido, vindos do GEF (Global Environment Facility)/Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e do MME/Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

Jogos de Inverno

Vinte ônibus com células a combustível de hidrogênio farão o trajeto entre o aeroporto de Vancouver e a estação de esqui Whistler, no Canadá, durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2010. Parte da competição ocorrerá em Whistler e, segundo o NRC, que integra o grupo para criação da "Estrada do Hidrogênio", a ação será uma "metáfora para a transição para a economia do hidrogênio e de um futuro sustentável".

Os ônibus ainda estão sendo montados --a reportagem pôde ver apenas um modelo anterior, chamado de "museu". Os ônibus poderão circular por cerca de 500 km sem reabastecer, numa velocidade máxima de 90 km/h, e terão uma expectativa de vida de 20 anos. Haverá cinco postos para reabastecimento na região.

Fonte: AFRA BALAZINA
enviada especial da Folha de S.Paulo ao Canadá

Fundação Alphaville firma parceria para educação ambiental nas escolas de Parnaíba


A Fundação Alphaville, braço social da empresa AlphaVille Urbanismo, firmou parceria com a Secretaria da Educação de Santana do Parnaíba para o desenvolvimento de um Programa de Educação Ambiental para escolas.

As primeiras atividades acontecem ainda este mês e envolvem a capacitação de professores de 32 escolas, entre os dias 7 de abril a 5 de maio, das 8h às 17h, no Centro de Educação para a
Sustentabilidade (CES).

Os temas abordados incluem práticas sustentáveis como reciclagem, consumo consciente, tecnologias sustentáveis, permacultura urbana (hortas), entre outros. A educação ambiental também traz noções da utilização consciente da água e energia, destinação correta de resíduos e preservação de áreas verdes.

Localizado na entrada do condomínio Alphaville Burle Marx, em Santana de Parnaiba (SP), o CES, inaugurado em outubro de 2008, é um espaço público que funciona como um centro de referência na educação para a sustentabilidade. Ele também está aberto para escolas da rede pública ou particular, com visitas monitoradas. O agendamento pode ser feito pelo telefone 4153-3618 ou email: evelyn@alphaville.com.br.