quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O que esperar de Obama para o Meio Ambiente

A política ambiental não foi a preocupação central durante a campanha eleitoral norte-americana. Após a eleição de Barack Obama, a tragédia financeira, com a especulação elevada à enésima potência e golpes, e a crise econômica tomaram conta dos discursos e propostas nos Estados Unidos e em todo o mundo. Por isso, os reais propósitos do novo presidente ainda se manifestam mais pela plataforma eleitoral do que pelos projetos concretos de governo.

Os assessores de Obama definidos ou indicados para as áreas que representam importante demanda ambiental até o momento são o secretário de Energia, Steven Chu, encarregado de desenvolver tecnologias que reduzam as emissões de carbono das usinas a carvão e tornar viável a captura e armazenamento do principal gás de efeito estufa; Lisa P. Jackson, para a Agência de Proteção Ambiental, que deverá rever ações do governo Bush e regular as emissões de dióxido de carbono (CO2); e Carol Browner, para a coordenação de energia e meio ambiente, que terá como desafio conquistar a liderança para os EUA das discussões internacionais sobre o aquecimento global.

Para Maurik Jehee, especialista em créditos de carbono do ABN Amro Real, incorporado pelo Santander, Obama, apesar da crise financeira e econômica mundial, terá como um dos maiores desafios definir nos próximos 12 meses, até as negociações finais da Conferência das Partes em Copenhague em dezembro, o caminho a ser adotado pelo EUA na questão ambiental.

O novo presidente prometeu a aprovação de um sistema de cap-and-trade nacional (sistema de comercialização que limita o total de emissões). "Após anos de quase negação da administração Bush e a implementação de dois sistemas regionais de um número crescente de Estados, as metas finais parecem ser alinhadas, o que falta é adequar as metas intermediarias às expectativas do resto do mundo. Enquanto a Europa já assumiu uma meta de redução de 20% das emissões até 2020, o plano do Obama fala em voltar às emissões de 1990 até 2020."

Ainda em campanha e antes da revelação do estado crítico das montadoras do país, Obama avisara aos fabricantes de automóveis que sob sua administração iria exigir maior eficiência no consumo de combustíveis para uso veicular. Agora, não se sabe. Ainda como senador, defendeu, com êxito, mais investimentos em energias alternativas. Obama promete ainda desenvolver incentivos para os proprietários de terras e matas, assim como agricultores, que conservarem as matas ou restaurarem áreas degradadas, ou que adotem práticas capazes de capturar carbono.

Programas federais para estimular os trabalhadores a criarem e se adaptarem a processos limpos de produção e de uso eficiente de energia também estão entre os planos. E pretende criar estímulos para as localidades que se anteciparem na implementação de novos códigos de construção que priorizem o uso eficiente da energia. E quer que os novos prédios registrem emissão zero a partir de 2030, mas pretende que os edifícios existentes melhorem sua eficiência em 25% em dez anos.

No plano internacional, Obama diz que vai criar o Fórum Global de Energia, que deve incluir todos os membros do G-8 (grupo dos países industrializados mais a Rússia), além de Brasil, China, Índia, México e África do Sul. Esse grupo de grandes consumidores de energia, industrializados e em desenvolvimento, diz ele, vai se reunir periodicamente para discutir exclusivamente temas relacionados à energia global e questões ambientais. O candidato também ressalta que, na sua visão, o fórum da UNFCC é a instância internacional adequada para abordar a questão climática. Mas nada de assumir metas definidas internacionalmente a partir do Protocolo de Kyoto, ou do acordo que vier a substituí-lo, a partir de 2012.

Fonte: Terra

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