sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Eficiência energética abre negócios para bancos – Ecoeficiência

Por: Victorio Mattarozzi e Cássio Trunkl
Anos atrás, uma empresa que precisasse de crédito, por exemplo, para modernizar equipamentos e produzir com menor impacto ambiental, teria de enfrentar condições iguais às impostas para concessão de financiamentos com qualquer outra finalidade. Hoje essa situação está mudando. Algumas instituições que já aderiram à perspectiva da sustentabilidade dispõem de produtos específicos para atender a esse tipo de necessidade e a outras ligadas a interesses socioambientais.

Ao mesmo tempo em que minimiza os riscos de crédito e de reputação das instituições financeiras, a opção pela sustentabilidade abre caminho para a criação de enorme gama de produtos e serviços compatíveis com essa perspectiva. A experiência brasileira no campo dos produtos financeiros com foco socioambiental é bem menos abrangente que a verificada nos países desenvolvidos, especialmente os europeus. Já existem, entretanto, alguns produtos desse tipo disponíveis em instituições financeiras nacionais. Especificamente para projetos de eficiência energética podemos destacar a linha de financiamento Proesco do BNDES destinada a empresas de serviços de conservação de energia (Escos) e usuários finais.

Por meio dessa linha são financiados projetos que comprovadamente contribuem para a economia de energia pela adoção de tecnologia ou equipamentos mais eficientes. O foco está em áreas como iluminação, motores, otimização de processos, refrigeração, automação, gerenciamento energético. Segundo o BNDES, essa linha de crédito veio para eliminar o principal obstáculo ao desenvolvimento do mercado de eficiência energética, gerando novas oportunidades de negócios para concessionárias, fabricantes de equipamentos, empresas usuárias de energia e, principalmente, para as Escos. Até esse momento, os bancos repassadores dos recursos do Proesco são Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e BDMG. Além dessa linha do BNDES, os bancos privados Bradesco e Real oferecem outras modalidades de financiamento para aquisição de equipamentos e desenvolvimento de projetos de eficiência energética.

Entre os produtos disponibilizados por instituições financeiras internacionais, lembramos o Rabo Climate Mortgage, do banco holandês Rabobank. Trata-se de hipoteca pela qual pessoas físicas podem obter empréstimos a juros mais baixos para construir ou reformar casas de acordo com padrões sustentáveis, utilizando recursos como isolamento térmico, energia solar e outros análogos.

Outro exemplo de produto inovador na direção da eficiência energética é o do banco australiano Westpac, que oferece o Green Credit Card. Esse cartão permite aos seus usuários trocar os pontos acumulados por produtos destinados à economia de energia. Valem desde itens como lâmpadas e chuveiros de baixo consumo até a compensação da emissão de gases do efeito estufa, de modo a tornar os clientes “neutros em carbono”.

Como se vê, o campo socioambiental representa um espaço permanentemente aberto para a criação de novos produtos de interesse amplo, aplicáveis às necessidades das empresas em geral ou de setores em particular – já que muitas instituições financeiras concentram negócios em determinados segmentos de atividades sobre os quais acumulam experiência e conhecimentos. Como as exigências acerca das precauções socioambientais aumentam continuamente, e são acompanhadas por avanços igualmente constantes dos conceitos e das técnicas para colocá-las em prática, não resta dúvida de que a sustentabilidade abre um caminho praticamente ilimitado para a criação de produtos financeiros consoantes com seus objetivos.

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