segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Cana com água residuária


Um estudo desenvolvido na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, demonstrou um aumento de produtividade de quase 50% em uma plantação experimental de cana-de-açúcar, após a utilização de efluentes de esgoto doméstico tratado na irrigação da cultura.

Desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Solos e Nutrição de Plantas da Esalq, a pesquisa indica que a irrigação com águas residuárias tem potencial elevado de beneficiar culturas agrícolas, atendendo não apenas a necessidade de água da planta, mas fornecendo também nutrientes essenciais ao seu crescimento, especialmente o nitrogênio.

O trabalho foi feito pelo engenheiro agrônomo Rafael Marques Pereira Leal, atualmente doutorando do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena). O experimento, cujos resultados parciais acabam de ser publicados na revista Scientia Agricola, foi realizado em uma área de latossolo vermelho de 7,5 mil metros quadrados na cidade de Lins, no interior paulista, que recebeu o plantio da variedade RB 72454 de cana (Saccharum spp.).

Os efeitos da irrigação com efluente de esgoto na produtividade da cultura foram estudados durante 16 meses, período correspondente ao primeiro ciclo produtivo da cana. O efluente utilizado na irrigação foi bombeado à plantação após passar por um sistema de filtragem com areia, procedimento necessário para a remoção de partículas em suspensão presentes no efluente, material que sem o devido controle poderia ocasionar o entupimento do sistema de irrigação.

O estudo integra um Projeto Temático apoiado pela Fapesp e coordenado pelo professor Adolpho José Melfi, do Núcleo de Pesquisa em Geoquímica e Geofísica da Litosfera da Esalq.

As parcelas da plantação irrigadas com água residuária, proveniente da estação de tratamento de esgoto de Lins, receberam metade da quantidade de nitrogênio mineral recomendado e 100%, 125%, 150% e 200% da demanda hídrica da cultura.

As elevadas concentrações de sódio presentes no efluente de esgoto doméstico ocasionaram um aporte elevado desse elemento químico de até 6,2 toneladas por hectare nas parcelas que receberam a maior irrigação, juntamente com cerca de 1,5 mil quilos de nitrogênio por hectare e 628 quilos de potássio por hectare.

“Todas as parcelas do solo irrigadas com água residuária, com exceção de uma, apresentaram maior produtividade, com valores de até 247 toneladas por hectare, quando comparadas com as áreas controle da plantação que receberam manejo com adubação tradicional, cuja produtividade atingiu cerca de 153 toneladas por hectare”, disse Leal.

O trabalho aponta que a irrigação com água residuária está em crescente valorização na agricultura nacional. “A prática exige, no entanto, atenção detalhada ao balanço entre as quantidades de nutrientes adicionadas por meio da irrigação e as quantidades de nutrientes requeridas pelas plantas. Isso evitaria eventuais prejuízos ao ambiente, por exemplo, por conta da lixiviação de nutrientes e acumulação de sais no solo, garantindo em última análise o aumento sustentável do rendimento da cana-de-açúcar”, afirmou.

Segundo Leal, a irrigação com águas residuais tratadas aumentou a produtividade da cana, mas as aplicações de água residuária acima de 100% da demanda de água da cultura não ofereceram benefícios à planta em termos de ganho extra de produtividade.

“Além disso, causou potenciais problemas por meio da acumulação de sódio no solo, o que pode prejudicar a estrutura física do solo. A utilização de águas residuais para irrigação é uma prática que, apesar de potencialmente benéfica, exige uma gestão cuidadosa em todas as suas etapas, desde o plantio até a colheita da cultura, necessitando sempre de orientações técnicas adequadas”, disse. (Fonte: Thiago Romero/ Agência Fapesp)

Capital mexicana proíbe sacolas plásticas em mercados e lojas


A capital mexicana passou a proibir, em suas lojas e supermercados, a entrega gratuita de sacolas de plástico aos clientes, as quais devem ser progressivamente substituídas por biodegradáveis para diminuir a poluição.

Embora as sanções para os infratores só comecem a vigorar dentro de um ano, com esta alteração à Lei de Resíduos Sólidos busca-se promover um consumo e uso do plástico mais responsável entre os 8 milhões de habitantes da cidade, disseram fontes do Governo do Distrito Federal.

Em entrevista a uma emissora, o chefe de governo da capital, Marcelo Ebrard, lamentou que até agora milhões de bolsas de uso diário "terminem nos lixos e nos pontos de depósito final de lixo".

Ebrard disse que o governo que lidera já trabalha "com todas as grandes redes comerciais" em programas de substituição do plástico poluente por materiais diferentes.

Para a secretária municipal do Meio Ambiente, Martha Delgado, é muito importante na nova normativa em vigor a partir desta quarta-feira (19) "colocar um custo" ao plástico entregue nas lojas "para que, com isto, se iniba a proliferação de bolsas de plástico não biodegradáveis".

O diretor de comunicação do Wal-Mart México, Antonio Ocaranza, afirmou que os estabelecimentos no varejo sabem que o uso do plástico deve ser reduzido.

"Acho que temos a consciência de responsabilidade social de tentar reduzir ao máximo nosso impacto ambiental. O que ainda temos que definir é qual é o melhor método", acrescentou. (Fonte: Estadão Online)

Curitiba, licitação do lixo segue sem problemas.


Em meio à batalha judicial para tentar dar prosseguimento à licitação que vai escolher a empresa operadora do Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos de Curitiba (Sipar), o procurador-geral do Município, Ivan Bonilha, disse ontem que não viu problemas em dar continuidade ao processo que ocorreu na última quinta-feira com a abertura das propostas de preço, mesmo com uma liminar impeditiva do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

A liminar data de um ano atrás, mas na tarde de quinta-feira chegou à Procuradoria Geral do Município (PGM) um ofício do TCE dizendo que a mesma ainda vale e que, portanto, a abertura dos envelopes não poderia ser feita.

Para o TCE, não há até o momento motivos para autorizar a conclusão do certame diante da inconsistência das respostas apresentadas pelo consórcio gestor a questões levantadas pela Corregedoria, concernentes às propostas técnicas.O procurador disse que não entendeu a continuidade da licitação como um desrespeito à liminar do TCE, uma vez que nada seria definido nesse dia.

“Nós respeitamos o TCE, mas na quinta-feira ocorreu apenas a abertura das propostas que já existiam, não se definiu vencedores, não se deu nota para essas propostas. Portanto não há prejuízos para ninguém”, afirmou Bonilha.

Como a escolha da empresa vencedora deverá ser feita dentro de dez dias, o procurador afirmou que vai buscar um entendimento com o TCE nesse tempo. No entanto, ele também citou alguns empecilhos que podem anular a decisão do TCE.

“Temos que analisar tudo com cuidado, pois há a possibilidade de a liminar não ter sido submetida ao Pleno do TCE e, se não foi, não tem validade. Nós também não tivemos acesso ao processo, que foi solicitado vistas”, disse.

O Sipar será a nova tecnologia para a destinação do lixo do Consórcio Intermunicipal de Gestão de Resíduos Sólidos. A cidade que vai recebê-lo ainda não foi definida. É uma alternativa ao aterro da Caximba, que já está com sua vida útil vencida.

A prefeitura de Curitiba aguarda, ainda, a decisão do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) sobre a possibilidade de extensão da vida útil da Caximba para dezembro de 2010.
Fonte: Paraná online

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Catadores entram na era da informática


Os catadores de materiais recicláveis de todo o País ganharam um importante aliado. Começou a funcionar na internet um sistema on-line inédito no Brasil: o Cadastro Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, que facilitará a organização, integração e fortalecimento do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), além de permitir o acompanhamento da frota de carrinhos elétricos desenvolvidos pela usina de Itaipu e usados na coleta.
O sistema, em software livre, tem múltiplas utilidades, como permitir localizar cooperativas, determinar as melhores rotas para os catadores, evitar a sobreposição de territórios e definir os pontos ideais para a implantação de novos galpões, além de ajudar na gestão da frota dos carrinhos elétricos.
"Podemos chegar ao ponto de ter o controle do que está sendo coletado e reciclado em todo o Brasil", ressalta Jair Kotz, superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu, de acordo com sua assessoria.
No Brasil, o número de catadores organizados por cooperativas, associações ou grupos e devidamente cadastrados chega a 40 mil. Uma proporção relativamente pequena (5%), se comparada ao contingente de trabalhadores não organizados. "Estimamos que, em todo o País, devem existir cerca de 800 mil catadores", diz Davi Amorim, coordenador de comunicação do MNCR. "O sistema pode nos ajudar a aumentar o atual número de associações e de trabalhadores organizados."
Para Valdirene Ruiz Lopes, representante do MNCR no Estado de São Paulo, a ferramenta é acessível e muito útil. "Ela vem ao encontro das necessidades surgidas na rua e nas cooperativas", afirma.
O software é mais uma etapa do esforço iniciado em 2003, quando a Itaipu pôs em prática o Projeto Coleta Solidária. O objetivo central é fazer com que os catadores sejam reconhecidos como prestadores de serviço públicos e tratados com respeito. O projeto já resultou na formalização de quatro cooperativas e 16 associações, além da capacitação de mão-de-obra e da entrega de equipamentos como prensas, balanças e uniformes.
Em 2008, a Itaipu desenvolveu e entregou 80 carrinhos de coleta elétricos ao MNCR. O convênio de cooperação técnica ainda prevê a gestão de aterros sanitários para a geração de energia e o estudo de logística urbana para a otimização da coleta de material reciclável.

Fonte: Roberto do Nascimento

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Mau tempo atrasa retorno de lixo tóxico à Inglaterra


O mau tempo vai atrasar a viagem do navio que fará o transporte dos contêineres de lixo doméstico e tóxico importados da Inglaterra que aportaram no País há algumas semanas. Ondas de mais de três metros de altura e ventos de 70 quilômetros por hora (km/h) prejudicam a entrada e saída de embarcações do Porto de Rio Grande (RS), onde o navio está ancorado.

A previsão inicial era que o navio MSC Oriane deixasse o Porto de Rio Grande no domingo (2) às 11h30 e chegasse ao Porto de Santos (SP) nesta segunda-feira (3), às 19 horas. O tempo de viagem entre os portos é estimado em 33 horas. Depois, o navio deixaria o País na terça-feira (dia 4), ao meio-dia. Com o atraso, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de Santos, estima que o navio deva chegar a Santos até quarta-feira (dia 5).

Os contêineres serão devolvidos ao porto de origem, na cidade de Felixstowe, na Inglaterra.

Fonte: Anne Warth/ Estadão Online

"Rios voadores" auxiliam pesquisas sobre a Amazônia


Pesquisa analisa gotas de água do percurso do vapor d'água das das árvores amazônicas Imagine um "rio voador" com vazão maior que a do São Francisco. Dentro dele, um avião "navegando" para recolher gotas de água que serão levadas para laboratórios de alta tecnologia. A descrição poderia ser parte de um roteiro de ficção científica, mas ocorre no Brasil. O projeto,chamado Rios Voadores, analisa o percurso do vapor d''água oriundo de árvores da Amazônia até virar chuva para o Centro-Sul do país.

Piloto do avião que viaja pelos rios voadores, o pesquisador suíço Gérard Moss apresentou o projeto durante a 61° Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Acusado por alguns cientistas de "banalizar ou vulgarizar" a ciência, Moss argumentou que a divulgação também é parte do processo de produção de conhecimento.

"A ciência precisa avançar, mas também precisa ser divulgada. E é preciso conectar o Brasil com as questões amazônicas", defendeu.

Uma das metas do projeto é investigar como a redução da floresta pelo desmatamento e pelas mudanças climáticas pode influenciar o regime de chuvas no restante do país. De acordo com o professor Pedro Leite Dias, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), o aumento da temperatura de 1 grau Celsius (°C) a 2,5 °C pode reduzir as chuvas em até 20%.

Pesquisador da Universidade de São Paulo, o especialista em análise isotópica Marcelo Moreira é um dos responsáveis pela identificação da "impressão digital" das moléculas de vapor d''água dos rios voadores para dizer se as gotículas capturadas pelo avião de Moss no interior de São Paulo vieram mesmo de árvores da Amazônia.

"Tenho certeza de que, se todos fôssemos cientes do valor de cada ecossistema, não estaríamos
hoje discutindo se escolhemos as florestas ou derrubamos para pastos e plantação se soja",criticou Moss.

Além da valorização dos serviços ambientais prestados pela Amazônia o que reforça a ideia de que é economicamente vantajoso manter a floresta em pé o projeto Rios Voadores tem colaborado de outra forma com a comunidade científica, à medida que se mostra uma nova forma de financiamento de pesquisas.

Patrocinado com recursos da Petrobras, o projeto conseguiu garantir verba e velocidade para as pesquisas relacionadas, segundo Dias Leite. "A articulação com o Gérard tornou viável experiências que custariam muito e levariam muito mais tempo. A questão do custo é crítica para a realização desse tipo de experimento. As parcerias institucionais são fundamentais."

Fonte:AGÊNCIA BRASIL/ Terra